As três qualidades da Natureza

As três qualidades da natureza


Qualquer estudante de Yoga tradicional  conhece a importância dos três gunas no processo de pensamento e prática do yoga. Poucos, porém estão conscientes da sua origem védica e da profunda perspectiva trazidas por esta.

Dentro da filosofia do Yoga, que é derivada do sistema Sâmkhya, toda a matéria do Universo é resumida em uma substância primária chamada Prakriti.

Prakriti significa o poder original de ação. Não se refere a uma substância no sentido físico, porém ao potencial de onde todas as formas de matéria, energia e mente provém. É o estado original de puro potencial a partir do qual todas as coisas se tornam possíveis. Prakriti é o estado latente da substância, como a semente que contém a potencialidade para o crescimento de uma árvore, a matriz do mundo no qual matéria, energia e mente são manifestações. Prakriti, nós poderíamos dizer, é a forma ou conceito original que forma as várias substâncias a partir de seus estados sutis e densos.

Ela é um composta das três qualidades básicas (gunas) .Esses gunas fornecem a base para a distinção do temperamento humano e as diferenças individuais frente a disposições psicológicas e morais. Os três atributos básicos são: satva, rajas e tamas.

Sattva é o poder da harmonia, equilíbrio, luz e inteligência-o mais alto ou espiritual potencial. Equilíbrio, expressa essência, compreensão, pureza, clareza, compaixão e amor. Tem a VACA como exemplo  de amimal, o AMARELO e o branco, como cores, as FRUTAS, VERDURAS e LEGUMES, como alimentos. Representa a MENTE.


Rajas é o poder da energia, ação mudança e movimento-potencial de vida ou intermediário. Tem como exemplo o TIGRE e o LEÃO, como animais, e o VERMELHO como cor. Representa o ESPÍRITO.

Tamas é o poder da escuridão, é o princípio da solidez, da imobilidade e da resistência, forma da inércia e estagnação - o mais baixo ou material potencial. Podendo ser dado como exemplo a cor AZUL e LILÁS, como animal o URSO e como alimento, os ENLATADOS. Representa o CORPO.

Poderíamos sintetizá-los como Matéria (Tamas), Energia(Rajas) e Luz (Sattva).

Os três gunas estão presentes em tudo, mas um deles sempre predomina. Sattva prevalece à luz do sol, rajas num vulcão em erupção e tamas num bloco de pedra.

Se uma quantidade suficiente de rajas for gerada, o obstáculo de tamas será superado e a forma ideal concebida por sattva será criada no bloco de granito. Este exemplo demonstra que os três gunas são necessários para qualquer ação criativa. "Sattva, sozinho", ele diz, "seria apenas uma idéia não concretizada, rajas sem sattva seria uma mera energia não direcionada; rajas sem ta­mas seria como uma alavanca sem um fulcro; e tamas sozinho seria a inércia."

Sattva adere à felicidade, rajas à ação, enquanto tamas, verdadeiramente encobrindo o conhecimento, adere à negligência.

Assim estes três gunas refletem os três mundos no pensamento védico, que dão um sentido  a natureza humana, como parte de um universo interdependente.